Problemas com infiltração nas paredes são muito comuns, e o resultado estético é bastante desagradável. Quando os sinais da infiltração se manifestam nas paredes, surge a dúvida: o que eu devo fazer?
Existem maneiras de fazer a impermeabilização na parede, mas é preciso entender que quase sempre o sinal que se manifesta nela é resultado de uma infiltração em outro lugar.
Quando é o caso, impermeabilizar a parede não vai resolver a causa do problema – e há grandes chances dos problemas reaparecerem.
Nesse post, vamos explorar a fundo as causas de problemas de infiltração nas paredes e como fazer a impermeabilização adequada.
A origem do problema
Antes de falarmos sobre técnicas para impermeabilização de paredes, é preciso entender por que está ocorrendo a infiltração e resolver o problema na sua origem.
Fazer uma intervenção na parede, sendo que a umidade está vindo de outro local, não vai resolver o problema de maneira definitiva.
Dessa forma, cabe a pergunta: quais são as principais causas de infiltração na estrutura?
Lajes com impermeabilização mal feita
As lajes sem proteção são uma das maiores causas de problemas de infiltração e umidade na construção.
As lajes de cobertura que não receberam o tratamento de impermeabilização adequado permitem que a água percole causando problemas não apenas na própria laje mas também em outros elementos da estrutura.
A infiltração na laje é um problema sério. Ela pode causar exposição e corrosão de armaduras.
No caso das paredes, a água percolada causa mofo, bolor, descasca a pintura e deixa um aspecto visual bastante desagradável.
Entenda:
Infiltração oriunda da chuva na parte externa
É comum que durante o tempo surjam fissuras e rachaduras nas paredes, tanto do lado externo como interno.
Elas se dão devido às movimentações da estrutura decorrentes de variação climática, recalques de fundações, ou qualquer outro fenômeno a que a construção seja submetida.
Quando isso acontece, as fissuras passam a ser porta de entrada para a infiltração e percolação de água.
O resultado são bolhas na pintura, bolor e manchas em geral.
Caso esse seja o motivo das infiltrações, o problema nas paredes só será resolvido de maneira definitiva quando as fissuras e rachaduras forem devidamente tratadas.
Vale a pena conferir também:
Infiltração oriunda das vigas baldrames e fundações rasas (radier)
Outra origem muito comum de infiltrações nas paredes é a falha durante a impermeabilização da fundação, em especial, das vigas baldrames.
A umidade, nesse caso, percola em sentido ascendente, e os problemas ficam mais acentuados durante período chuvoso, quando o solo está mais saturado.
Esse é o pior cenário, pois as vigas baldrames estão em contato direto com o solo e a umidade, e resolver o problema depois da obra ter sido finalizada é muito difícil.
Veja também:
Infiltração oriunda de vazamento em tubulações
Em paredes por onde passam as tubulações de água e esgoto, é possível haver infiltração.
As conexões podem apresentar falhas e a água pode acabar vazando. Quando é identificado esse problema, assim como nos casos anteriores, é preciso sana-lo antes de fazer as intervenções nas paredes, caso contrário, o problema vai persistir.
Saiba mais:
Impermeabilizar as paredes na fase da obra
Impermeabilização das paredes
Qualquer aplicação de sistemas de impermeabilização é muito mais fácil durante o período de construção, apesar da prática normalmente não receber muita atenção.
No caso das paredes, é uma boa prática adicionar aditivos impermeabilizantes na argamassa de reboco.
Existem diversos tipos de produtos disponíveis no mercado, portanto, consulte seu engenheiro sobre as possibilidades.
Os aditivos são compostos de polímeros vinílicos e devem ser misturados no momento de preparo da argamassa.
Dessa forma, o reboco passa a ter propriedades impermeabilizantes que vão evitar as infiltrações nas paredes.
Saiba mais:
No caso das paredes externas, uma boa solução é a pintura impermeável, base acrílica.
Atenção para as condições do reboco: deve estar devidamente regularizado, e não estar soltando areia, para garantir maior aderência da tinta. Caso o reboco esteja soltando, é preciso lixar.
Impermeabilização das baldrames
Esta etapa é importantíssima, uma vez que as baldrames estão em contato direto com o solo, e as paredes em contato direto com as baldrames.
A impermeabilização das vigas baldrames é feita com tinta asfáltica, e é importante que ela seja feita de maneira correta. A superfície deve estar limpa, livre de pó, graxas, óleos e desmoldantes. As fissuras e buracos também devem ser previamente tratados.
A aplicação do produto impermeabilizante deve ser feita em demãos, intervaladas conforme a recomendação do fabricante. Uma boa impermeabilização da fundação impede que a água percole para as paredes futuramente.
Temos um post completo sobre o tema, veja:
Impermeabilização das lajes
As lajes, assim como as paredes, estão sujeitas a receber a chuva diretamente, e consequentemente devem receber uma atenção especial para que não haja problemas de infiltração.
Para a impermeabilização das lajes existem diversas opções, sendo as mais comuns os materiais asfálticos, como por exemplo a manta asfáltica.
Outra opção para lajes com trânsito, moderna e eficaz – e muito utilizada em reformas -, é o poliéster flexível.
Veja uma comparação entre estes dois sistemas.
Já para lajes sem trânsito, está disponível a Solução 100% Silicone, uma novidade no mercado nacional.
Como vimos anteriormente, infiltrações oriundas da laje podem percolar e apresentar sinais de umidade nas paredes, por isso a importância de prestar atenção nessa etapa durante a obra.
Veja:
- Impermeabilização de lajes: o guia completo
- Quanto tempo dura uma impermeabilização na laje?
- É possível impermeabilizar laje industrial sem remover o maquinário?
Impermeabilizar as paredes depois da fase de obra
Uma vez identificada e solucionada a origem da infiltração, chega o momento de fazer a intervenção na parede em si.
- Na maior parte das vezes é preciso retirar toda a pintura existente e o reboco, expondo a alvenaria;
- Uma vez exposta, todas as fissuras devem ser seladas, evitando assim que existam pontos para percolação de água;
- Adicionam-se aditivos impermeabilizantes no chapisco, e a aplicação desse chapisco pode ser feita de maneira tradicional ou com rolo de pintura;
- Adicionam-se aditivos impermeabilizantes específicos para argamassa e refaz-se o reboco de toda a parede;
- Por fim, é feito o acabamento com a pintura final.
Desvendando mitos sobre infiltração em muros e paredes
Mito 1: Colocar azulejo acaba com os problemas de umidade em paredes
Este é um mito bastante difundido no país, e não é incomum que até certas empresas e profissionais ofereçam esta solução para seus clientes.
A instalação de azulejos e pisos cerâmicos na parede não somente não resolve definitivamente os problemas de infiltração quanto também pode gerar problemas ainda maiores.
O azulejo cerâmico é bastante utilizado como revestimento de áreas molhadas, como cozinhas e banheiros, e também como revestimento de piscinas e saunas.
As principais vantagens deste tipo de material são a facilidade para limpeza superficial, muito importante para áreas como as descritas acima, e também a grande disponibilidade no mercado, tanto de materiais como de mão-de-obra.
Contudo, não é possível afirmar que os pisos cerâmicos podem ser considerados como sistemas de impermeabilização.
Como o próprio nome diz, ele deve ter a função apenas de revestimento, formando uma barreira para água entre o ambiente externo e a parede, e não o contrário.
É possível que o piso cerâmico “esconda” os problemas de umidade, mas isso não significa que ela não esteja presente.
É bastante comum, inclusive, que comecem a surgir eflorescências por lixiviação nas regiões do rejunte.
Essa “calda” branca é formada pelas sais do concreto que estão sendo “lavados” pela umidade.
E, como se pode imaginar, o aparecimento deste tipo de patologia é um indicativo que internamente a estrutura da parede está sujeita aos riscos da umidade.
E isso vale para qualquer tipo de revestimento, seja ele cerâmico, azulejo, porcelanato, junta-seca, grandes, pequenos, caros ou baratos: não é possível utilizá-los como sistemas definitivos de impermeabilização de paredes.
Mito 2: Reboco impermeabiliza paredes e muros
O chapisco, reboco ou emboço, sem o uso de aditivos impermeabilizantes específicos, não são capazes de impermeabilizar paredes e muros, especialmente em locais externos sujeito às intempéries como sol, chuva e vento.
Existe uma ideia de que, uma vez rebocado, o muro está protegido contra os ataques de umidade, o que não é verdade.
Como já vimos, é preciso ter em mente que os sinais que são vistos de infiltração, especialmente nos muros, quase sempre são consequência de falhas de impermeabilização na fundação ou no topo, e muitas das vezes um conjunto das duas.
O reboco é uma camada de regularização e revestimento para muros e paredes, e não deve ser esperado que ele tem a função de um sistema de impermeabilização.
É possível, logicamente, se utilizar de aditivos impermeabilizantes no preparo da argamassa, que em conjunto com a impermeabilização correta das baldrames, a proteção mecânica do topo do muro e revestimento final adequado, conferem ao muro resistência à umidade.
Contudo, um reboco simples, por si só, não é capaz de proteger um muro contra os ataques da umidade.
Mito 3: Em muros de contenção e encosta sempre haverá problemas de infiltração
Este é outra ideia bastante conhecida em várias regiões do Brasil: nos casos de muro de divisa, onde há terra do outro lado, as infiltrações vão acontecer e não há nada que possa ser feito.
E não somente as infiltrações são um problema, como há casos de colapso total destas estruturas.
Esse é mais um, dentre diversos outros casos, dos resultados da falta de planejamento e execução de serviços de engenharia por profissionais e empresas competentes e habilitados.
É preciso entender, antes de mais nada, que paredes e muros de contenção são diferentes dos muros de divisa comuns, e precisam ser devidamente dimensionados e projetados.
A infiltração em muros de arrimo acontece quando eles não são feitos de maneira correta, e, consequentemente, o uso de sistemas de impermeabilização é negligenciado.
Nestes casos, é fundamental que sejam executadas as mantas de impermeabilização por profissionais e empresas habilitados.
Leia este material sobre o assunto:
O que pode ser feito:
Paredes externas
O cuidado com a impermeabilização começa ainda na etapa da construção.
Dessa forma, é preciso impermeabilizar as vigas baldrames, que são os elementos estruturais que estão em contato direto com o solo.
Como se tratam de elementos que não estão expostos, são utilizados sistemas de impermeabilização rígidos.
As falhas de impermeabilização nas baldrames resultam em umidade ascendente, que acabam causando descascamentos, manchas e mofo na parte inferior do muro e da parede (entre 30 e 40cm de altura do solo).
Além disso é recomendado o uso de barreiras físicas no topo, no caso de muros.
Os tipos mais comuns que são as telhas cerâmicas e perfis metálicos.
Por fim, aditivos impermeabilizantes devem ser incorporados à argamassa de revestimento da parede, conferindo ao reboco resistência aos ataques da umidade.
Paredes internas
Os cuidados com as paredes internas são muito semelhantes aos relativos às paredes externas.
Como já vimos, em várias ocasiões os sinais de infiltração nas paredes são resultado de falhas de impermeabilização em outros locais.
Dessa forma, é preciso tomar cuidado com locais críticos como por exemplo as áreas de encontro com o sistema de cobertura, áreas próximas de aberturas para esquadrias (portas e janelas) e áreas com grande exposição ao sol, e consequentemente, maior movimentação térmica.
Em geral, estes são os pontos mais prováveis para o surgimento de fissuras, que são as portas de entrada para umidade.
É preciso ter em mente que refazer o reboco e a pintura no local onde há sinais de infiltração não é garantia da solução definitiva do problema.